Por Linhas Tortas

O mundo sob os olhos de uma pessoa comum

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Era uma vez em um ônibus…

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Eu, assim como boa parte da população de Sâo Paulo, pego ônibus todos os dias, normalmente 3 por dia, as vezes 4 (graças ao bilhete único nesses dias pago por 3). Dependendo do horário eu posso pegar ônibus lotado (desses que a gente mal consegue andar), cheio (sem lugar para sentar, mas sem empurra-empurra) e, as vezes, mais tranquilo (com pelo menos uma cadeira livre). A parte as inúmeras viagens desconfortáveis e os freqüentes “engarrafamentos” nos pontos, muitas viagens de ônibus são bem interessantes, pois nós vemos e escutamos muitas histórias boas e ruins.

Pela manhã a coisa mais freqüente é vemos pessoas dormindo, quando estão sentadas não chamam muita atenção, mas até hoje eu me seguro para não rir dos que dormem em pé, normalmente encostados numa das portas. Naquele mexe e remexe do caminho com pessoas entrando e saíndo, com o ônibus andando e parando, realmente é difícil imaginar que tipo de vida uma pessoa que consegue dormir em pé nessa situação leva.

Mas não é só pela manhã que as pessoas dormem, eu sou um bom exemplo. Certa vez estava voltando da faculdade, quando adormeci no ônibus e acordei em um lugar totalmente estranho, tinha acabado de me mudar para São Paulo e fiquei nervoso, não fazia idéia de onde estava e não entendi como eu podia ter dormido tanto ao ponto de passar pela minha casa. Fiquei no ônibus pensando no que fazer, a primeira idéia foi pegar taxi, mas eu estava apenas com R$15,00 na carteira, e como não sabia onde estava, poderia não ser suficiente, então resolvi ficar no ônibus até o ponto final e depois pegar outro p/ minha casa. Assim foi até que eu vi um supermercado Extra familiar, era relativamente perto de casa, desci no ponto seguite e consegui voltar. Depois descobri que meu erro foi causado pelo fato de existirem dois ônibus com o mesmo nome (mas números diferente) que passam pela faculdade, maior azar.

Além dos sonolentos, existem pessoas que são bem extrovertidas e começam a conversar com a pessoa do lado ou mesmo com o ônibus todo. Há uma moça que pega o mesmo ônibus que eu, mas nem sempre nossos horários batem, essa moça sempre que entra no ônibus fala, ou melhor, grita sobre um programa católico (ou evangelico, não sei bem) da Rede TV e tenta convencer as pessoas do ônibus a assistí-lo, no início achei irritante, mas depois comecei a achar engraçado.

Mas nem toda pessoa que começa a falar no ônibus o faz porque quer conversar com as pessoas do ônibus, sempre têm as figuras do celular, pessoas que resolvem matar o tempo das “viagens” urbanas conversando com o namorado, primo, amigo, irmão e etc. Já entreouvi conversas sobre jantar, problemas famíliares, problemas amorosos, médicos, assuntos acadêmicos e mesmo conversas somente em inglês, mais raramente, porém acontece.

Se eu for contar detalhadamente tudo que já vi o ouvi de interessante ou engraçado em um ônibus poderia até fazer um livro (opa idéia interessante!). Mas para não dizer que é tudo sempre bom, coisas ruins acontecem também.

Certa vez um homem havia subido no ônibus bem cheio (eu estava bem sentado nesse dia), quando o ônibus saiu do ponto e parou em um semáforo o homem gritou “Motorista, por favor abre a porta que meu pé está preso”, outras pessoas repetiram o pedido, mas nada aconteceu e começou então os xingamentos, o cara chamou o motorista de surdo, idiota e coisas piores, o motorista manerou mais, no entanto chegou a chamar o cara de burro, no final o pé dele ficou preso até o ponto seguinte, várias pessoas ameaçaram denunciar o motorista, mas depois que o cara desceu (no ponto seguinte, sem pagar) o assunto morreu.

Já vi pessoas se xingando (incluindo cobradores nisso) e até supostos furtos (não vi o momento em si do furto, mas pessoas dado celulares como roubados e acusando aquele passageiro que acabou de descer), pessoas no ponto chutando ônibus que passam, provavelmente o cara estava bêbado, era fim de semana então não tinha aqueles operadores cuja a função é empurrar e espremer a gente dentro do ônibus, além de falar constatemente “um passo a esquerda perto do motorista por favor” (o que as vezes é realmente necessário).

Enfim quem anda constatemente de ônibus vê todo tipo de pessoa e passa por diversas situações cômicas ou preocupantes. Pegar transporte urbano pode ser uma experiência mais interessante do que muitas pessoas pensa.

Written by Silvano

09/10/2008 at 10:21 am

Debate para prefeito na Band

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Ontem a noite teve debate para prefeito de Sâo Paulo, de forma geral o debate foi ruim, começou bem, mas o 3º e 4º blocos foram, no mínimo, fracos. Mas foi ruim porque houve perguntas mal formuladas e assuntos, emora importantes, menores e específicos, quando se esperava questões maiores e mais importantes, bem como se esperava melhor resposta e expressão por partes dos candidatos.

Soninha (PPS) respondeu bem todas as perguntas, tinha idéias não-convencionais e importantes e fez uma boa análise das questões que lhes foram dadas. Ela falou de pontos importantes como ciclovias e melhoria no transporte público, falou da questão da distância entre trabalho e trabalhador e do problema das creches e escolas. Ela se saiu um pouco mal no 4º bloco, mas no geral foi a melhor do debate.

Embora Valente (PSOL) não tenha se expressado muito bem ele conseguiu deixar claro que o psol não veio para brincadeiras e que algumas reformas radicais são necessárias na cidade (e são mesmo). Falou da necessidade de inverter prioridades, falou da sociedade do automóvel (que é responsável por mais 70% da poluição), da melhoria no transporte público (inclusive ele falou em subsídio) e na saúde. Acabou se saindo bem, mas não tanto.

Seguindo em frente, em termos de propostas, Renato Reichmann (PMN) até mandou bem, embora tenha apresentado nervosismo no começo, falou de suas idéias e propostas, eu particularmente eu não gostei muito dele, pois coisas como abrir creche 3h da manhã e manter as AMAs em funcionamento 24h é excessivo, um gasto grande, que poderia ser resolvido de outra forma.

Marta (PT) não foi mal, mas não foi bem, ela não se queimou, praticamente jogou na defensiva, mas isso acabou sendo postivo de certa forma, já que ela está em primeiro lugar nas pesquisas ela procurou só se manter em pé. Foi atacada e se saiu usando números, que não foram lá muito certos.

Kassab (DEM) seguiu estilo semelhante ao de Marta, mas ele foi um pouco pior nas suas respostas, ao meu ver.

Alckmin (PSDB) foi mal, com excessão do primeiro bloco (onde falou muito bem) se esquivou de perguntas e enrolou bastante. Foi atacado (até por Kassab na questão das privatizações) e não conseguiu se defender. Na minha opinião ele queria ter uma atitude como Marta e Kassab, mas como foi alvo de outros candidatos ele teria que mudar de estratégia. Acabou que foi um dos piores do debate.

Ciro Moura (PTC) não apresentou propostas direito, embora tenha tido algumas respostas um pouco interessantes, resumidadmente não chamou atenção.

Maluf (PP) foi repetitivo, falou uma ou outra coisa boa, mas no geral mandou mal. A idéia da Freeway foi no mínimo ridícula (principalmente porque foi resposta a pergunta sobre poluição), atacou bem Alckmin e não foi feliz em sua resposta sobre os processos contra sua pessoa.

Como disse de forma geral o debate foi ruim, resta esperar o próximo. Espero que os jornalistas façam perguntas cabíveis e interessantes, de questões mais gerais e não de sanitários públicos.

Abro aqui um pequeno parêntese para demostrar que eu acho importante a participação de todos os candidatos, mesmo os considerados nanicos, pois todos tem direito a falar e debater e os nanicos podem mostrar ao povo que têm idéias interessantes.

Written by Silvano

01/08/2008 at 9:18 am

Publicado em Política

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Jogue lixo no lixo

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Quem nunca ouviu essa frase? Principalmente quando criança, alguém sempre nos fala isso. Uma frase simples, boba, mas mais importante do que parece.

Quando saio de casa as vezes eu me pergunto “será que as pessoas realmente não se importam em ver tanto lixo na rua?”. Eu não sou um grande exemplo de ativista ecológico, não faço faço passeatas, não sou afiliado a nenhum grupo pro-ecologia, nem saio por aí pegando lixo no chão para jogar na lixeira, mas tento ao menos não atrapalhar e acho que isso é, de certa forma, contribuir para meio-ambiente.

O que custa segurar o lixo um pouco mais até o lixeiro? Ou andar com uma sacolinha na bolsa, mochila ou no carro para jogar resto de cigarro ou qualquer outro lixo, então é só jogar tudo no primeiro lixeiro que encontrar.

Ninguém gosta de ver uma casa ou quarto sujo, seja sua casa ou mesmo a casa de outros, então é muito curioso que ninguém se importe em ver a cidade suja. Todo mundo reclama que o rio Tietê é poluído e parte da culpa também é de todos os cidadãos que jogam papel, cigarro, garrafinha plástica e etc. lá.

Hoje em dia reclamar dos maus tratos ao meio-ambiente virou moda em quase todo mundo, Brasil incluído, mas do que adianta reclamar do desmatamento da amazônia ou da poluição dos carros, se nem sequer jogar lixo no lixo a gente faz? A não ser claro que todo mundo considere sua cidade um lixo.

Written by Silvano

14/06/2008 at 12:29 pm

Publicado em Meio Ambiente, Sociedade

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9MM: São Paulo

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Séries policiais de investigação criminal não são novidades, temos muitas delas por aí que só mudam o foco, mas a idéia é a mesma.

9MM: Sâo Paulo promete ser diferente, embora o estilo (série policial de investigação) seja o mesmo. Produzido pela Fox internacional, essa série vai falar das dificuldades de se fazer uma investigação no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo.

Nas palavras de Roberto D’Ávilla (criador e produtor executivo): “São personagens impotentes, que não conseguem ser os heróis que gostariam por causa da escassez de recursos”.

Os 4 primeiros episódios irão ao ar em 2008, para testar a aceitação à série, os outros 9 episódios (já em produção) irão ao ar somente em 2009 e se a coisa realmente pegar quem sabe não sai mais temporadas?

Esperar para conferir e para quem quiser dar uma olhada no site oficial clique aqui.

Written by Silvano

10/06/2008 at 7:26 pm

Publicado em Televisão

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O Tupi em São Paulo

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É engraçado hoje como a gente tem tanto contato com diversos nomes indígenas a nossa volta e nunca nos perguntamos seus significados.

Eu morei a maior parte da minha vida em Maceió (aportuguesamento do indígena Massayo) e hoje moro em São Paulo e nos dois lugares há muitos nomes de rua e de bairros de origem indígena (como Pajussara em maceió, Anhagabaú em São Paulo e Jaraguá em ambas cidades) e eu nunca procurei saber qual seria o significado de tal nomes. Claro que na vida pratica isso não tem nenhuma influência, mas em termos de cultura e de certo modo valorização do que podemos considerar como “natural do Brasil” (que seriam as línguas indígenas nesse caso).

Recentemente foi lançando um guia turístico que compila significados de nomes de bairros e ruas de São Paulo advindos da língua nativa. O livro Tupi em São Paulo de Vera Lúcia Dias foi escrito depois de muita pesquisa e estudo, tudo porque ela não conseguiu responder uma simples pergunta de uma turista “o que significa Maracanã?” (que é um tipo de Arara amarela, outrora comum no Brasil). Dai veio uma série de outras palavras como pacaembu (rio das pacas), tucuruvi (gafanhoto verde), anhangabaú (bebedouro do demônio), jaçanã (galinha d’água), tatuapé (caminho do tatu), anhangüera (diabo velho), itaquera (pedra a dormir), guaianazes (parente), ipiranga (riacho vermelho), jabaquara (esconderijo de negros fugidos), morumbi (mosca verde) e ibirapuera (madeira podre) e etc.

Realmente impressiona como é comum falarmos nomes de coisas e lugares sem ter a menor idéia do significado deles (mesmo quando óbvio, acredito, por exemplo, que nem todo mundo relaciona de cara Estados Unidos com, digamos, estados unidos!). Claro que o fato de ser outra língua diminui um pouco o peso, mas ainda assim eu me senti bem em saber que o significado de tais nomes.

Para quem ficar com a curiosidade do Tupi um pouco mais atiçada, aprendê-lo não é tão difícil, há um curso online (importante dizer que é de graça) de 10 lições feito por Eduardo Navarro, professor da USP e presidente da ONG Tupi Aqui (rende até certificado, se você desejar).

Written by Silvano

07/06/2008 at 11:25 pm

Publicado em Idiomas

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